A Saga de Enéias
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Re: A Saga de Enéias
Vendo-se sozinha, correu ao pátio interior do castelo, impelida pela exaltação da Loucura, galgou o topo da elevada pira, onde estava a espada do pérfido amante, desembainhou-a, e, deitando-se no leito do herói, do alto daquele monte de lenha, confiou ao ar as suas últimas palavras de despedida:
— Ó doces prendas de dias mais felizes, recebei esta alma, redimi-me de tão grande dor! Dido morre. Dido cumpriu a missão que lhe fora assinalada pelo Destino. Não descerá ao Vale das Sombras insignificantemente. Fundou esplêndida cidade, que não sabia ser capaz, castigou seu perverso irmão. A sua felicidade houvera sido completa se, com sua frota, o troiano sem palavra e coração endurecido não tivesse tocado jamais as costas da Líbia, e agora foge para sempre!
A dor impediu-a de continuar e ela, mergulhando o rosto no travesseiro, cravou a espada no peito.
Aos seus gemidos, acudiram imediatamente as donzelas do palácio. Encontraram-na desfeita, a espada vermelha de sangue, as mãos ensanguentadas. Por todas as dependências se levantou enorme grito de dor, que não tardou em se espalhar pela cidade inteira. Ana, rumando para o palácio, soube da terrível novidade; fora chamada pela velha nutriz Barce. Batendo o peito com os punhos cerrados, e arranhando o rosto com as unhas, precipitou-se para o pátio do castelo real, através da multidão que se aglomerava diante do palácio, entre eles Barca, o irmão de Dido e Ana, e, vendo-a de longe, sendo retirada da pira, gritou:
— Minha irmã, minha irmã! Que fizeste? Por que me enganaste? Mataste a mim, a teu irmão, mataste o teu povo, teus pais, mataste toda a cidade!
Sem cessar os lamentos, atirou-se aos braços de Dido que ainda respirava e que, com grande esforço, abriu os olhos, enquanto do ferimento lhe jorravam borbotões de sangue. Por três vezes tentou inutilmente soerguer-se; por fim, tombando desfalecida nos braços da irmã, entregou a pobre alma.
— Ó doces prendas de dias mais felizes, recebei esta alma, redimi-me de tão grande dor! Dido morre. Dido cumpriu a missão que lhe fora assinalada pelo Destino. Não descerá ao Vale das Sombras insignificantemente. Fundou esplêndida cidade, que não sabia ser capaz, castigou seu perverso irmão. A sua felicidade houvera sido completa se, com sua frota, o troiano sem palavra e coração endurecido não tivesse tocado jamais as costas da Líbia, e agora foge para sempre!
A dor impediu-a de continuar e ela, mergulhando o rosto no travesseiro, cravou a espada no peito.
Aos seus gemidos, acudiram imediatamente as donzelas do palácio. Encontraram-na desfeita, a espada vermelha de sangue, as mãos ensanguentadas. Por todas as dependências se levantou enorme grito de dor, que não tardou em se espalhar pela cidade inteira. Ana, rumando para o palácio, soube da terrível novidade; fora chamada pela velha nutriz Barce. Batendo o peito com os punhos cerrados, e arranhando o rosto com as unhas, precipitou-se para o pátio do castelo real, através da multidão que se aglomerava diante do palácio, entre eles Barca, o irmão de Dido e Ana, e, vendo-a de longe, sendo retirada da pira, gritou:
— Minha irmã, minha irmã! Que fizeste? Por que me enganaste? Mataste a mim, a teu irmão, mataste o teu povo, teus pais, mataste toda a cidade!
Sem cessar os lamentos, atirou-se aos braços de Dido que ainda respirava e que, com grande esforço, abriu os olhos, enquanto do ferimento lhe jorravam borbotões de sangue. Por três vezes tentou inutilmente soerguer-se; por fim, tombando desfalecida nos braços da irmã, entregou a pobre alma.
Hermes Trismegistus- Mensagens : 4041
Re: A Saga de Enéias
Naquele mesmo instante, longe, em alto-mar, Enéias sentia uma dor terrível que lhe feria o coração, e quase caiu ao chão, não fossem seus amigos que o acudiram.
Um tempo depois da morte de Dido, e com o surgimento de Jarbas e seu exército de gétulos, Ana, desde então governadora daquela terra sem rei, resolveu ceder a cidade de Cartago a Jarbas e se retirou para Mélita (hoje Malta), pequena ilha perdida no meio do mar.
Enéias, após derrotar na Itália o príncipe Turnos, desposou a bela Lavínia e construiu uma cidade a que deu o nome da esposa, Lavínion. A cidade cresceu, progrediu e em breve espalhava-se por uma extensa área, pois a fama do grande Enéias depressa se difundiu entre o povo do campo, e muitos camponeses, entusiasmados pela sua bravura na guerra e confiantes na sua justiça, deixaram suas terras e vieram viver sob a proteção do chefe troiano.
E a fama de Enéias chegou aos ouvidos de Ana, que morava asilada na pequena ilha de Mélita, no interior do grande mar, ao sul da Trinácria (Sicília). O rei fenício Pigmálion, seu irmão, que há muito perseguia suas irmãs fugitivas, forçava-a a retirar-se e fez com que a infeliz abandonasse aquele asilo; Ana fugiu para a Itália, onde o rei Enéias a recebeu de braços abertos, prometendo-lhe abrigo e proteção.
No entanto, logo, Lavínia, esposa do troiano, ficou cheia de ciúmes. Determinou, então, desfazer-se da jovem estrangeira. Mas Ana, advertida em sonho pela sombra da irmã, fugiu durante a noite e lançou-se no Numício, riozinho do Lácio, onde foi transformado em ninfa, chegando, mais tarde, a ser confundida com Ana Perena, a deusa do Numício. Quanto a Dido, mais tarde, durante as conquistas romanas, passaria a ser conhecida por Phoenissa.
FIM
Um tempo depois da morte de Dido, e com o surgimento de Jarbas e seu exército de gétulos, Ana, desde então governadora daquela terra sem rei, resolveu ceder a cidade de Cartago a Jarbas e se retirou para Mélita (hoje Malta), pequena ilha perdida no meio do mar.
Enéias, após derrotar na Itália o príncipe Turnos, desposou a bela Lavínia e construiu uma cidade a que deu o nome da esposa, Lavínion. A cidade cresceu, progrediu e em breve espalhava-se por uma extensa área, pois a fama do grande Enéias depressa se difundiu entre o povo do campo, e muitos camponeses, entusiasmados pela sua bravura na guerra e confiantes na sua justiça, deixaram suas terras e vieram viver sob a proteção do chefe troiano.
E a fama de Enéias chegou aos ouvidos de Ana, que morava asilada na pequena ilha de Mélita, no interior do grande mar, ao sul da Trinácria (Sicília). O rei fenício Pigmálion, seu irmão, que há muito perseguia suas irmãs fugitivas, forçava-a a retirar-se e fez com que a infeliz abandonasse aquele asilo; Ana fugiu para a Itália, onde o rei Enéias a recebeu de braços abertos, prometendo-lhe abrigo e proteção.
No entanto, logo, Lavínia, esposa do troiano, ficou cheia de ciúmes. Determinou, então, desfazer-se da jovem estrangeira. Mas Ana, advertida em sonho pela sombra da irmã, fugiu durante a noite e lançou-se no Numício, riozinho do Lácio, onde foi transformado em ninfa, chegando, mais tarde, a ser confundida com Ana Perena, a deusa do Numício. Quanto a Dido, mais tarde, durante as conquistas romanas, passaria a ser conhecida por Phoenissa.
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Hermes Trismegistus- Mensagens : 4041
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