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Mitologia Grega

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Hermes Trismegistus
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Mensagem por Hermes Trismegistus 13/3/2021, 05:29

Perseus ficou admirado, pois acreditava que seriam belas, como as Ninfas, pelo seu canto. Mas horríveis pelas suas histórias. Os três desceram a colina, que ficava junto às fontes do Oceano, e entraram na cidade em ruínas e, logo no portão de entrada, as primeiras figuras petrificadas. Perseus sentiu seu coração saltar pela boca ao ver que cada habitante de Thule estava, em posição e expressão de espanto e terror, transformado em pedra, como se cada um tentasse fugir ou defender-se. Era um cenário horrível!

— Infelizes.

Caminhando com muita cautela, Perseus começava a tremer as pernas, quando Atena lhe passou seu escudo.

— Toma. Vais precisar. E acende uma tocha.

Perseus acendeu uma tocha que estava presa à parede. Entraram no templo sombrio, todo em ruínas, onde encontraram várias outras figuras petrificadas, entre as quais guerreiros, velhos sacerdotes e sacerdotisas. Todos com aspecto de espanto e terror, todos transformados em pedra.

De repente, pondo em sua cabeça o elmo de Hades, conseguiu Perseus ver as terríveis Górgonas. Estavam deitadas, profundamente adormecidas, embaladas pelo rouco rugir do mar. Elas só conseguiam dormir com aquela música estranha, que enlouqueceria qualquer mortal. A luz da Lua, que entrava pelas janelas, cintilava sobre as escamas de aço e as asas de ouro. As garras de bronze seguravam-se na rocha, enquanto os terríveis monstros pareciam sonhar. As serpentes dos cabelos pareciam estar dormindo também, embora uma ou outra vez algumas se retorcessem ou levantassem a cabeça, pondo à mostra a língua negra, como se saíssem de um pesadelo. Eram ainda mais terríveis que a própria descrição que delas faziam: Euríale representava a perversão sexual, Ésteno, a perversão social, e Medusa, a pulsão espiritual e evolutiva, mas pervertida em frívola estagnação.

Perseus evitava olhá-las de frente, ainda invisível com o gorro de Hades na cabeça. E Hermes sussurrou-lhe ao ouvido:

— Aproveita agora. É a tua oportunidade. Se uma delas acordar, tu estás liquidado!
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Mensagem por Hermes Trismegistus 13/3/2021, 05:30

— Qual delas é Medusa? As três se parecem... Vou ter que me tornar visível para saber qual delas...

Perseus retirou o capacete de Hades e pôde ver qual das Górgonas não era invisível.

— É a que está começando a mexer-se. Cuidado...! Nada de olhá-la de frente. Observa a imagem de seu rosto e de seu corpo através do escudo. E põe a coifa em tua cabeça para não seres descoberto!...

Na superfície polida do escudo podia olhar sem perigo o reflexo do rosto de Medusa, com as serpentes a se retorcerem fronte abaixo. Mas se surpreendeu, pois via, através do escudo, uma criatura belíssima e triste, apesar das serpentes que sibilavam em sua cabeça. Nunca, antes, Perseus vira nada mais extraordinário. Nem outro ser vivo até então. O monstro se agitava, todo encolhido, rangendo os dentes. Ela se agitava desassossegadamente, como se tivesse um pesadelo, e Perseus dela se apiedou. Sua plumagem era igual ao arco-íris, e seu rosto lembrava o de uma ninfa; apenas conservava as sobrancelhas contraídas e os lábios comprimidos por cuidados e mágoas; e a brancura do seu pescoço tão bem se refletia no espelho, que Perseus não teve coragem para feri-la.

Hermes, vendo-o vacilar, alertou-o:

— Não te enganes, Perseus...

E Atena preveniu-o:

— Desfere o golpe com calma. Não tira os olhos do escudo. Guia-te por ele, ao baixar, e que o teu golpe seja firme e certeiro, sim?

E o deus-mensageiro deu o sinal:

— É agora! Desfere o golpe!
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Mensagem por Hermes Trismegistus 13/3/2021, 05:31

E Perseus levantou o braço e a espada de Hermes. Porém, viu que uma de suas irmãs, invisível — não para ele — aproximava-se. Rapidamente aplicou um golpe certeiro no monstro e cortou-lhe a cabeça. Sangue verde espalhou-se por toda a caverna, e teve que elevar-se no ar para não morrer. Perseus afastou-se e, ao notar que outra górgona avançava e seguido pelo poder de Atena, arremessou sua lança contra ela, tirando-lhe a vida, e um urro saiu-lhe pela bocarra. Uma das patas do monstro o atingiu, e Perseus perdeu o equilíbrio. Seu capacete despencou no chão, voltando a tornar-se visível. O ruído despertou as serpentes, que começaram a sibilar, e a górgona, agitando-se, desdobrou as asas e deixou ver as suas garras de bronze, e seu rosto desfigurou-se num medonho ser.

— Ah! jovem atrevido!

Um vento forte soprou de repente e sua tocha apagou-se, mas o brilho dos olhos da Górgona iluminavam o templo sombrio. E, parecendo um cego, tateando o caminho com a ponta da espada, quis voltar o olhar para não ser surpreendido, mas Atena gritou:

— Perseus! Levanta o escudo, protege-te!

Perseus protegeu-se atrás do escudo e viu Medusa refletida, que se aproximava demais, e sentiu que duas garras poderosas lhe pegavam com força, e o escudo caiu de sua mão e foi rolar para longe de seu alcance. Quase ao mesmo tempo um golpe forte se abateu sobre suas costas, surpreendendo-o e fazendo com que caísse de bruços e quase sem sentidos ao solo. Sua espada voou de sua mão direita.

Ainda atordoado, Perseus sentiu que duas mãos vigorosas viravam seu corpo de frente. Depois, as mesmas mãos ásperas agarraram sua cabeça e a sacudiram vivamente, ao mesmo tempo em que falava docemente:

—Vamos, querido, acorda!

Seus olhos começavam a se abrir, pensando por um momento estar dentro de um sonho, quando Atena lhe enviou uma mensagem mental:

— Jamais enfrentes o olhar de Medusa... pois será o teu fim!
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Mensagem por Hermes Trismegistus 13/3/2021, 05:32

Apertando as pálpebras, Perseus manteve a vista fechada, enquanto tentava se desvencilhar dos braços rijos da monstruosa criatura. Uma voz rouca gritava agora de maneira histérica em seus ouvidos:

— Abre os olhos, guerreiro, e contempla meus olhos!

Perseus, com os olhos fechados, sentiu na boca a pressão dos lábios úmidos de Medusa. O hálito frio e fétido que aspirou lhe deu a ideia de que a própria Morte o estivesse beijando. Percebendo que tinha o joelho livre, encolheu-o até a altura de seu peito e com ele arremessou para longe a górgona, com tamanha força que ela cruzou a extensão até a parede oposta, nela batendo violentamente.

Uma golfada de sangue verde foi expelida pela boca fétida de Medusa, juntamente com um grito selvagem. Atordoada pelo impacto, agora era a vez de ela tentar recobrar os sentidos.

Perseus, pondo-se ligeiramente em pé, divisou o brilho de seu escudo, alguns metros dali. Tão logo o teve outra vez, ergueu-o tentando ver pelo reflexo prateado o que se passava com a criatura. Uma forma vagamente feminina vinha em sua direção. Não teve tempo de ver o rosto de Medusa, pois com um salto ligeiro desviou-se do bote, lançando-se ao chão, mantendo sempre preso ao braço o seu precioso escudo.

E gritou a górgona:

— Morrerás como todos os outros, e colocarei depois a tua estátua bem no centro de meu templo!

Perseus manteve silêncio, concentrado apenas nos movimentos de Medusa, que continuava a mover-se ora arrastando-se ora aos saltos. Para o herói era extremamente difícil enfrentar uma adversária tendo de estar sempre de costas voltadas para ela, observando-a apenas pela refração do escudo.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 13/3/2021, 05:32

Por um instante a criatura desapareceu, até que o rosto inteiro de Medusa surgiu repentinamente no espelho que Perseus tinha diante dos olhos. Seu rosto pálido era uma máscara de onde sobressaíam dois olhos de pupilas horizontais, como os répteis, e que brilhavam como o Sol. Acima deles as serpentes se agitavam, espichando para fora das bocas suas línguas fendidas e arremessando seus corpos em botes rápidos que somente a distância impedia que se tornassem fatais.

O deus Hermes, sorrateiramente, na escuridão do templo, colocou nas mãos do herói o seu herpé perdido. E Perseus, reunindo toda a sua força e decidido a por um termo no seu objetivo, gritou:

— Olha para mim, criatura medonha!

Quando Medusa percebeu o truque, era tarde demais. Ela olhou para a própria imagem refletida, que nunca vira, e surpreendeu-se ao ver sua antiga imagem de ninfa, bela e meiga. E Perseus, com um golpe de mestre, olhando através do escudo, decepou a cabeça de Medusa. Um grito horrível ecoou naquele antro, que todos os seres da ilha ouviram. A cabeça rolou, ainda viva, para um lado, enquanto que a linda imagem de Medusa no escudo tomava forma de terrível górgona, e ali permaneceu, estampada para sempre.

Perseus, muito assustado, recostou-se no ar contra a parede e, ao seu lado, amparou-o Atena. A deusa, tomando o escudo de seus braços, mostrou-lhe pelo lado interno o que ainda acontecia: do sangue verde e viscoso do horrível monstro saía uma luz dourada e brilhante que, aos poucos, foi tomando forma. Lentamente foram surgindo os contornos de um maravilhoso cavalo alado, tão branco que o templo se iluminou.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 13/3/2021, 05:33

O magnífico animal aproximou-se e abaixou a cabeça, balançando a crina ondulante e prateada como se o reverenciasse. Atena batizou-o Pégasos e o acariciou. Perseus, com os olhos voltados em direção da imagem no escudo, apanhou a cabeça da górgona e meteu-a no surrão, o kibisis, que, num passe de mágica, começou a distender-se o bastante para conter a cabeça do monstro. E, em seguida, usou-o a tiracolo.

E Atena disse-lhe:

— Missão cumprida, Perseus. Agora, monta em Pégasos e parte para Sérifos, aonde tu ainda tens algo a cumprir.

Perseus, em seguida, montou no dorso do animal para que este o levasse daquele lugar. Quando Perseus deixou o antro, Éos, a Aurora, começava a anunciar a vinda de seu irmão Hélios.

Enquanto isso, do corpo decapitado da Górgona, surgiu de seu sangue um gigante armado de uma espada de ouro, como que se quisesse correr para a guerra, e isso valeu-lhe o nome de Crisáor, “da espada de ouro”, que, como Pégasos, era fruto da união de Poseidon com a ninfa Medusa.

O gigante Crisáor, não tendo a quem governar, na Terra Informe, o antiquíssimo país de Thule, dirigiu-se todo-poderoso ao país dos Tartessos, na Hespéria, e tornou-se o seu rei. Uniu-se a uma oceânide, Calírroe, que lhe deu dois filhos: Équidna e Gérion; a primeira um dia iria unir-se a um descendente de Perseus, e o segundo, seria morto por ele.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 13/3/2021, 05:34

A partir de então, Perseus passou a utilizar-se da cabeça decapitada de Medusa para levar êxito às suas tarefas: transformou Atlas num gigante de pedra, facilitando sua pena em sustentar o Céu sobre os ombros; do sangue que caiu do pescoço da Górgona, sobre as areias do deserto da Líbia, surgiram escorpiões e lacraias; Perseus petrificou o monstro-marinho de Tétis e transformou em pedras Fineus e seus guerreiros, que haviam tentado conspirar nas suas núpcias com a princesa Andrômeda; e transformou também em pedras Polidectos e a sua corte de homens maus, depois entregou a Díctis o trono de Sérifos. Em seguida, voltou para a Hélade e passou a governar em Tirinto, enquanto que Argos passou a pertencer a Megapentes, filho de Proetos.

A MORTE DE MÍRINE

Mírine conquistou grande parte da Líbia, passou pelo Egito, onde fez tratado de amizade com o rei Hórus, filho de Ísis; depois, organizou uma gigantesca expedição contra os árabes, devastou a Síria e, subindo para o norte, encontrou uma delegação de cilícios, que, voluntariamente, se renderam. Transpôs, sempre lutando, o maciço do Tauros, atravessou a Frígia e chegou à região do Caícos, término de sua longa expedição.

Já idosa, Mírine foi assassinada pelo rei Mopsos, um trácio expulso de seu país pelo rei Licurgos, filho de Drias. Na luta, a maior parte de suas companheiras foi feita em pedaços.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 13/3/2021, 05:34

BELEROFONTE E AS AMAZONAS

O rei Ióbates, da Lícia, encarregado de dar fim à vida de Hipónoos, conhecido por Belerofonte por ter assassinado Beleros em Corinto, não hesitou, então, em confiar-lhe perigosas incumbências: matar Quimera, derrotar os Sólimos e, agora, depois de vitorioso, combater as Amazonas, as ferozes mulheres guerreiras, que habitavam a Capadócia e as terras da Cítia, que haviam rompido as barreiras do Cáucasos.

Belerofonte não se intimidou, mas foi em busca das terríveis guerreiras. Apesar de toda a fúria e combatividade, não foram páreo para o herói. Desbaratou-as, e também da terceira proeza saiu vitorioso e ileso.

No entanto, como o herói transpusera os três obstáculos, Ióbates recorreu aos cinqüenta mais válidos de seus guerreiros e estes armaram-lhe uma emboscada. Belerofonte, todavia, salvou-se também desta covarde tocaia, matando, um após outro, todos os seus inimigos.

Belerofonte comportou-se com tal bravura e modéstia em todas as ocasiões que, finalmente, Ióbates mostrou-lhe a carta que lhe destinara rei Proetos, de Tirinto, e perguntou:

— Agora, dize-me, Belerofonte: isso é verdade? Desonraste minha filha Antéia, esposa de meu genro Proetos?

Belerofonte leu a carta, surpreendeu-se e teve que explicar-lhe o que realmente havia acontecido na casa de Proetos. Antéia havia-o assediado e feito-lhe falsa acusação ao marido.

— Pronto! Minha filha mais velha sempre foi mentirosa, e lamento ter acreditado nessa história. Eu devia ter percebido antes.

Então, Ióbates, pretendendo reparar o erro e a injustiça que havia cometido contra o rapaz, decidiu purificá-lo do crime que outrora houvera praticado em Corinto. A partir de então, pretendeu riscar o nome de Belerofonte da história, preferindo chamá-lo por seu verdadeiro nome: Hipónoos. Mas o nome Belerofonte perpetuou e assim ficou sendo conhecido o herói que varreu da face da Terra a terrível Quimera, venceu os Sólimos e subjugou as Amazonas.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 13/3/2021, 05:35

E, ao perguntarem ao rei se deveriam mandar emissários ao rei Proetos para por-lhe a par sobre a sua inocência de Hipónoos, já que o mesmo não havia sido executado, Ióbates só respondeu:

— Meu genro que se dane...

Os deuses não haviam esquecido que o rei Proetos, de Árgos, conspirara contra a vida de Hipónoos. Certamente pagaria por isso em suas filhas Lísipe, Ifínoe e Ifianassa. Por determinação dos deuses, foram as três princesas acometidas de súbita loucura, correndo pelos prados convencidas de que eram vacas.

HIPÓLITA, ANTÍOPE E MELÂNIPE

Entre as rainhas das Amazonas que se destacaram depois de Mírine, Otrera, “ágil”, foi considerada a mãe legítima de Hipólita, Antíope, Melânipe e Pentesiléia, e teve-as do deus Áres. Foi considerada uma deusa por seu povo, tanto que comumente às rainhas foi outorgado esse título de distinção.

Um dia, muito tempo depois, Zeus, do alto do Olimpo, verificando que a Hélade estava povoada de gente feroz e violenta, decidiu criar o mais civilizado dos homens. Chamou então para aconselhá-lo as três Cárites, suas filhas: Eufrósine, Aglaia e Talia, e aconteceu que durante a conversa começou a desejar Talia, que presidia as diversões sociais e das belas-artes, no que foi correspondido. Desse incesto, nasceu Actéon que guardado pela mãe e apadrinhado por suas tias deveria crescer com a virilidade e força de seu pai, além de estar destinado a ser o mais educado e gentil dos homens, capaz de ressuscitar nos mortais os valores da Idade do Ouro da Humanidade.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 13/3/2021, 05:36

Ocorreu que mais esta aventura de Zeus chegou ao conhecimento de Héra, que cansada das infidelidades do marido, decidiu vingar-se, escolhendo como objeto de sua ira o jovem Actéon. Não podendo interferir na formação que lhe davam as Cárites, conseguiu atingi-lo de forma a tirar-lhe o orgulho pela masculinidade tão ao gosto de seu divino pai. Ao saber que seu filho não mais estaria correspondendo a suas expectativas, tentado com muita freqüência pelos deuses masculinos, e temeroso de um fracasso em sua tentativa de renovar a Humanidade, Zeus não podendo matá-lo, resolveu tirá-lo dos cuidados da mãe e tias, enviando-o para as profundezas do Ínferos, de onde, sob a vigilância de Hades e Perséfone, não mais sairia.

Zeus e Héra não contavam, no entanto, com a intervenção de Atena, que reconhecendo no menino qualidades importantes, raptou-o antes de sua partida, mudou-lhe o nome para Androgeus, a fim de dificultar os que fossem a sua procura, e levou-o para os cuidados de Dionísios, seu irmão paterno, e que com sua corte de Mênades vagava pela Terra longe dos olhares do pai. Pediu também a Afrodite que zelasse do menino. Assim cresceu Androgeus, sensível e refinado, amado e amando seus novos tutores. Com o irmão Dionísios divertia-se nas festas por ele promovidas, com as Ninfas aprendeu a vestir-se com graça e de Afrodite recebeu os segredos da beleza feminina.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 13/3/2021, 05:36

Estando um dia o séquito próximo a Delfos e tendo tomado conhecimento da dor que Apolo sofria pela perda de seu amado Jácintos, Dionísios, decidido a melhorar o estado de ânimo de seu irmão, deus da sabedoria e das artes, convidou-o para uma de suas festas. Apolo, estimulado por Ivi, a jovem deusa, e por ela acompanhado, aceitou o convite e, durante a festa, ambos foram tomados de grande desejo por Androgeus. Apolo por vê-lo tão bonito quanto Jácintos e ainda muito mais gracioso e feminino, enquanto Ivi também por sua beleza e ainda mais por sua juventude. A princípio, Androgeus hesitou, mas a força da origem paterna aliada ao encantamento de Héra levaram-no a aceitar a dupla corte e daí seu destino.

Tendo-se tornado amante dos deuses, Androgeus foi levado para uma ilha ocidental próxima aos Campos Elísios e que Apolo batizou de Androgéia em homenagem a seu amado. Lá, Androgeus viveu durante anos, a salvo da ira de Héra, na companhia de algumas Ninfas. Com a contínua ajuda destas e de Afrodite, seguiu aperfeiçoando suas artes. Apolo vinha a ter com Androgeus freqüentemente, sempre após a descida de seu carro solar, quando lhe era dado a honra de conduzi-lo, cedido pelo deus Hélios. Ivi também muito o visitava, mas deixaria de ir à ilha a partir de seu casamento com Héracles divinizado.

Certo dia, Androgeus queixou-se a Apolo de sentir-se só, sem amigos, pois as Ninfas, apesar de suas amigas, não lhe eram iguais. Apolo foi então a Temiscira e pediu ajuda à rainha das Amazonas, Hipólita. Sua idéia era levar para Androgéia os filhos homens das Amazonas, que por esta condição eram abandonados por suas mães logo que nasciam. Lá seriam adequadamente criados e instruídos, sendo levados para Tebas os que não se adaptassem. Hipólita, a princípio, não apreciou muito o pedido, mas não desejando contrariar o grande deus, concordou e, desse dia em diante, todos os filhos das Amazonas foram levados no carro de Apolo para Androgéia.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 13/3/2021, 05:37

Androgeus ficou muito feliz com a nova companhia, ensinou a todos seus talentos, e assim surgiu o clã dos Androgeides, semideuses, encarregados de zelar e ajudar todos os que de uma forma ou outra estavam insatisfeitos com sua própria natureza, desde o seu nascimento. Pela ilha de Androgéia passaram muitos deuses, deusas, heróis e heroínas em busca de beleza e dos prazeres proporcionados pelos Androgeides.

HÉRACLES E O CINTURÃO DE HIPÓLITA

Admete, filha de Euristeus, era sacerdotisa de Héra no templo de Árgos. Foi a ela que Héra apareceu e, sabendo que a jovem era muito vaidosa, lhe propôs:

— Querida, existe um cinto mágico, todo guarnecido de pedras preciosas, usado por Hipólita, a rainha das Amazonas. Foi meu filho Áres, o deus da guerra, que o deu à ninfa Harmônia, de quem descendem as Amazonas. Se tu usares esse cinto, será a mulher mais feliz do mundo e conseguirás tudo o que quiseres! Para tê-lo, basta pedir a teu pai, e ele ordenará a Héracles que o traga.

E, a partir de então, Admete não mais deu sossego ao pai, o rei de Micenas. Héra, ela mesma apresentou a Euristeus seu novo e infalível plano. Héracles, então, foi chamado ao palácio do rei.

— Hipólita, a rainha das Amazonas, possui um cinto maravilhoso com que Áres a presenteou através da ninfa Hermíone, como sinal de soberania. Minha filha Admete faz questão de ser a dona dessa preciosidade. É só.

Héracles voltou para o acampamento, apreensivo como das outras vezes. Admete, a ambiciosa filha de Euristeus, queria ser dona do famoso zóster da rainha das Amazonas, as terríveis e numerosas guerreiras que um homem jamais desejaria enfrentar, por mais valente que fosse. E com Héracles não foi diferente, pois já havia ouvido falar daquela raça de mulheres, famosas por serem mais terríveis que qualquer exército de homens. E Hipólita usava o seu zóster, ou cinto, como distintivo da sua realeza.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 13/3/2021, 05:38

Hipólita, “a que solta seus cavalos”, era filha do deus Áres e de Otrera, reinava em Temiscira, capital do reino, na foz do rio Termódon, no Póntos, junto do mar Euxinos. Perto de Temiscira havia outras duas cidades, governadas por suas irmãs Antíope e Melânipe. Esta, apesar de rainha, era mantida prisioneira no reino, pois não aceitava os princípios enérgicos das leis desse povo.

Em seu reino não havia homens, só mulheres. Mas uma vez por ano iam ter com os gargareanos, seus vizinhos, para manter relações sexuais com os mesmos, como num estupro, a fim de lhes nascer descendentes. Se fossem meninos, eram abandonados pelas mães e recolhidos pelos pais gargareanos; se fossem meninas, eram criadas em suas casas e educadas para a guerra. Em outros tempos, desde mocinhas, comprimiam o seio esquerdo de modo a atrofiá-lo, a fim de que não atrapalhasse no lançamento das flechas. No entanto, desde a visita de Apolo ao seu reino, em Temiscira, muita coisa mudou no hábito de viver das Amazonas. A prática de atrofiar o seio já era coisa do passado e parte dos meninos que nasciam passaram a ser mandados para a ilha Androgéia a fim de serem educados pelo seu mestre Androgeus. Lá, eles aprendiam a ser livres e levar uma vida diferente, opondo-se a quase todos os hábitos naturais masculinos, e passavam a ser chamados pelo nome de Androgeides.

Em contato com os hititas da Capadócia, as Amazonas aprenderam a usar os cavalos como montaria, e não somente para puxar carros e carroças, como era o costume da maioria dos povos antigos. Tal costume, fazia das Amazonas um exército ágil e poderoso. Além de muito valentes, eram belas e trajavam à moda dos bárbaros: vestes bem justas ao corpo e barrete frígio. Para a defesa, traziam um escudo em forma de meia-lua, como suas antecessoras; como armas, o arco, o dardo e o machado de dois gumes.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 13/3/2021, 05:38

Héracles sabia que homem nenhum entrava no reino das Amazonas sem ser visto, e o que ousasse fazê-lo era imediatamente destruído, na maioria das vezes. E ele deveria ir lá arrancar da cintura de Hipólita o zóster que jamais abandonava. Por isso, julgando se uma tarefa extremamente complicada e não tendo Euristeus proibido de contar com ajuda — provavelmente havia esquecido — resolveu ir a Tebas convidar seus amigos mais fiéis e organizar uma expedição. Só com a ajuda de outros heróis poderia conseguir alguma coisa — e pensou em seu irmão Íficles e Íolas, em Teseus, Peleus e Télamon, entre outros companheiros espalhados pela Hélade. Tinha que, antes de mais nada, procurá-los e propor-lhes a aventura. Só que moravam em cidades diferentes, a maioria deles. Héracles partiu em primeiro lugar a Atenas a fim de procurar por Teseus, o herói que havia-se tornado rei em lugar de seu pai Egeus. Depois, foi em busca de outros tantos; e todos aderiram ao convite.

Um tempo depois, do porto de Náuplia, Héracles partiu com Íficles e Íolas, num barco com alguns tripulantes, rumo a Temiscira, no Ponto. Essa cidade seria o ponto de encontro entre eles e todos aqueles heróis que haviam sido convidados. Seus homens iam alegres, conversativos, mas Héracles, silencioso e preocupado, só olhava para o Oriente, com uma expressão de ansiedade. Parecia estar prevendo muitas complicações naquela viagem.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 13/3/2021, 05:39

Depois de juntarem-se à tripulação Alceus e Estênelos, da ilha de Páros, passaram pelo Helesponto e pelo Bósforo, Zeus abriu as portas das Rochas Simplégades, e os heróis puderam entrar no Euxinos em segurança. Aí, costeando a Ásia, pelo norte, aportaram em Mariandine, na Paflagônia, aonde o rei Licos, filho de Dáscilos e neto de Tântalos, os recebeu com muita alegria. Foi, então, dada uma grande festa em honra dos viajantes. Durante o banquete, Héracles e o rei Licos identificaram-se como parentes distantes: tanto a mãe de Alcmena e a mãe de Anfitríon, da parte de Héracles, eram filhas do grande Pélops, enquanto que este era irmão de Dáscilos, o pai do rei Licos.

Mas quando estavam todos comemorando, chegou um mensageiro quase sem fôlego, que deu uma trágica notícia:

— Majestade, o rei Âmicos e seus guerreiros estão marchando para cá e, ao longo do caminho, vêm destruindo tudo, matando e pilhando sem a menor piedade!

O rei ficou em pânico, mas Héracles e seus amigos ofereceram-se para lutar ao lado das tropas do reino:

— Seja quem for esse Âmicos, lutaremos ao teu lado.

— Obrigado, poderoso Héracles. O rei Âmicos é um guerreiro formidável. Ele e seu irmão Mígdon são imbatíveis. A notícia de vossa chegada deve ter chegado até eles, e vêm para barrar a vossa passagem.

— Mas por quê?

— O rei Âmicos e Mígdon são irmãos de Hipólita, a rainha das Amazonas.

Mas os heróis gregos não se assustaram, e pegaram em suas armas e juntaram-se às forças mariandinas. Como era de esperar, os inimigos foram derrotados e suas terras foram anexadas aos domínios de Licos, passando a denominar-se Heracléia, em honra de Héracles. Antes de partir, Héracles prometeu que, se conseguisse se apoderar do cinto de Hipólita, voltaria com certeza ao país e instituiria jogos em honra aos deuses.

Bem mais tarde, Heracléia foi colonizada pelos megarenses e tanagrenses a conselho da Pitonisa de Delfos, quem lhes disse que haviam instalado uma colônia junto do Euxinos, na região dedicada a Héracles.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 13/3/2021, 05:39

Iniciada a terceira etapa da viagem, Héracles e seus amigos finalmente chegaram à foz do rio Termódon. Chegando no porto não longe de Temiscira, Héracles e a tripulação atracaram e permaneceram na praia, aguardando os demais heróis que viriam da Hélade. À tarde, chegou um navio: era o de Peleus. Héracles foi-lhe ao encontro e, depois de organizarem-se, Peleus resolveu traçar planos junto de Héracles.

— Estive pensando, Héracles, que talvez seja mais conveniente usarmos a prudência e a eloquência ao invés de abusarmos com a força, que poderá nos levar à ruína. Proponho que mandemos a Hipólita e suas irmãs uma embaixada.

— É uma ideia. Mandarei um dos meus homens a Hipólita.

Um destacamento de guerreiras a tudo observavam. Carrancudas, com o arco em punho, seguiam cada passo dado pelos invasores, desde que ali haviam chegado. Sob seu comando estava Antíope, já que sua cidade era próxima dali.

Em seguida, um homem prudente e eloquente partiu para a cidade das Amazonas, levando uma mensagem. Ao cruzar o território da rainha Antíope, foi recebido sob ameaças de morte, mas Antíope permitiu que vivesse e o conduziu a Hipólita. A sacerdotisa das Amazonas, assim que viu aproximar-se um homem , conduzido pelas suas guerreiras, chamou a rainha e lhe deu um conselho em forma de profecia:

— Cuidado com o homem-leão, pois será a tua ruína. E deves evitar acordos com os fihos de Atena.

Hipólita ouviu atentamente ao sábio conselho de sua sacerdotisa, e, com zelo, foi sentar-se ao trono. Tinha cabelos negros e longos, era alta, usava uma túnica curta de pele de leopardo. Usava também braceletes de ouro e, na cintura, trazia o zóster que outrora pertencera à ninfa Harmônia.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 13/3/2021, 05:40

Hipólita, interrogando o estrangeiro, fê-lo mostrar suas intenções:

— Formosa rainha das invencíveis Amazonas! Venho da Hélade com uma expedição de numerosos helenos, incumbidos de uma empresa que muito nos preocupa: apresentar ao rei Euristeus, de Micenas e Tirinto, o vosso zóster. Altos interesses humanos e divinos assim o querem. Mas longe de nós a ideia de usarmos da violência contra a rainha das formosas guerreiras deste país; e, assim sendo, esperamos que nos conceda um encontro no qual o assunto possa ser discutido. Respeitosamente Peleus e Héracles beijarão a linda mão da maior das Amazonas.

Evidentemente o estilo da mensagem denunciava o dedo de Peleus, que era príncipe e demasiadamente culto. Hipólita, sorrindo, disse-lhe:

— Este meu zóster, presente de meu pai, o deus Áres, já virou a cabeça de muitas princesas. Como posso desfazer-me dele sem prejuízo da minha dignidade de rainha? Dize a Héracles que o caso não pode ser decidido levianamente. Ele que venha conversar comigo. Darei ordens às minhas guerreiras para que o acolham gentilmente.

O mensageiro fez uma saudação com a cabeça. E, sem perda de tempo, voltou ao acampamento dos heróis helênicos. Lá chegando, transmitiu com fidelidade as palavras de Hipólita. Héracles e Peleus entreolharam-se, e o filho de Zeus comentou:

— Parece que tudo vai bem. Se a rainha nos marcou um encontro, é que não está hostil.

Só no dia seguinte, ainda pela manhã, é que chegaram as naus de Teseus e dos outros heróis, como Estênelos, filho de Áctor, Télamon, filho de Éacos e irmão de Peleus, e os heróis Demóleon e Áctor. Desembarcaram e foram ao navio ancorado de Héracles combinar acerca dos próximos movimentos, ou do acordo com a rainha ou do assalto às Amazonas. Deveriam prevenir-se para o momento do encontro com as guerreiras que, apesar de muita nobres, eram habitualmente muito hostis, mesmo com a notícia do bom acolhimento da mensagem, agradável e de boa impressão.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 13/3/2021, 05:41

Télamon observou:

— Ótimo se não houver luta. Conquanto sejam guerreiras terríveis, a mim me repugna ter de lutar contra mulheres. Ficarei satisfeitíssimo se chegarmos a um acordo com Hipólita.

Enquanto isso, em Temiscira, Hipólita, com o mínimo ruído possível, foi até os pés do leito onde dormia a pequenina Pentesiléia, sua irmã mais nova, e disse-lhe estas palavras, como num sonho:

— Minha querida, um dia reinarás sobre o meu povo, e serás tão grande e poderosa quanto as tuas irmãs e as rainhas que nos antecederam. Se eu sucumbir, sei que um dia tomarás partido contra aqueles que ousaram se levantar contra as filhas de Áres.

E, pressentindo qualquer coisa a si mesma, deu um beijo de despedida na pequenina Pentesiléia e encarregou Clete, sua serva mais fiel, de vigiá-la e protegê-la.

E, enquanto ainda conversavam os heróis no navio ancorado de Héracles, algo inesperado aconteceu: avançavam as Amazonas, com Hipólita a seu comando. Era um enorme séquito. O encontro da grande rainha com os heróis foi prévia e inesperadamente antecipado. E foi dos mais auspiciosos. Trataram-se como velhos amigos, e não tardou que a beleza de Teseus amolecesse o coração de Antíope, irmã de Hipólita, algo que dificilmente haveria de acontecer com outro homem. Hipólita, por sua vez, demonstrou profundo interesse por Héracles e sua intensa virilidade.

Héracles tomou a frente.

— Não vim aqui de vontade própria e nem minha intenção é fazer guerra contra vós. Minha missão é levar para Euristeus o cinto que está em teu poder.

Houve um protesto entre as guerreiras, que ainda não sabiam das intenções dos estrangeiros, e Hipólita, surpresa pela falta de eloquência do herói, imaginando estar sendo em parte hostil, automaticamente pôs a mão no cinto. Mas já conhecia a sua intenção, lembrando-se das palavras do mensageiro dos gregos, e, amavelmente, com surpresa de todos, se propôs entregar-lhe o cinto:

— Está bem. Tu poderás levar o zóster, mas com uma condição: se me derrotares em um duelo.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 13/3/2021, 05:42

Héracles, radiante de surpresa, começou a pensar que aquele seu trabalho seria dos mais fáceis de realizar — certamente, pensava ele, a rainha jamais havia ouvido falar de Héracles e suas façanhas. Porém, ficou embaraçado, porque nunca havia lutado com uma mulher. Mas como aquela era a única saída para o sucesso da missão, foi obrigado a aceitar. Assim, foi marcado lugar, para duas horas mais tarde, na praia.

E começaram a preparar o ringue, demarcando a areia. O herói Íficles, muito desconfiado, foi falar ao irmão:

— Héracles, eu não confio nessa mulher! Cuidado com ela... Prepara-te para alguma surpresa.

No momento marcado, Hipólita chegou com sua guarda de segurança. Ela havia tirado o cinto e entregue a sua irmã Antíope. Depois dirigiu-se ao local demarcado para a luta...

E a peleja começou. De um lado, a torcida confiante das Amazonas, liderada por Antíope e Melânipe. De outro, a torcida surpresa e desconfiada de Héracles, liderada por Peleus, Télamon, Teseus, Íficles e Íolas.

Alguma coisa, porém, começou a ir mal: quando Héracles conseguia agarrá-la, depois de levar bom número de socos — já que não ousava machucá-la — ela escapava como se fosse feita de sabão. Íficles estava certo ao prevenir Héracles de não confiar em Hipólita. Certamente, sendo inferior em força, ela tentaria alguma esperteza para vencê-lo. Havia besuntado todo o corpo com banha de urso. Portanto, não havia quem a segurasse. E Héracles, irritado com tanto sopapo levado, já que não sabia mais o que fazer, visto que não batia e estava sendo alvo de risos por parte das mulheres, olhou para os seus companheiros, buscando uma sugestão. Íolas gritou, inspirado por Atena:

— Os cabelos, Héracles! Quando brigam, as mulheres se agarram pelos cabelos!

Os aventureiros gregos puseram-se a rir, mas Héracles entendeu a mensagem, e enfiou os dedos por entre os cabelos de Hipólita. Com a mão esquerda, agarrou-a pelas pernas, erguendo-a no ar. Ela, dominada, não tendo como se livrar, falou, feliz com o resultado:
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Mensagem por Hermes Trismegistus 13/3/2021, 05:42

— Muito bem, Héracles! Tu venceste; o cinto é teu!

O filho de Zeus colocou-a suavemente no chão.

— O zóster te será entregue hoje à tarde numa festa de confraternização...

A verdade era uma só: Hipólita estava mesmo apaixonada. Não havia-se esforçado muito para tentar vencê-lo. Em outras batalhas, já havia enfrentado muitos com mais entusiasmo e determinação, mas poupara seus golpes, visto que Héracles também se mantinha gentil em não feri-la. Ademais, se Hipólita conseguisse derrubá-lo, certamente seria obrigada a matá-lo.

Embora Íficles continuasse recomendando cautela contra as Amazonas, foram todos à festa ao entardecer, em Temiscira. Os heróis foram-se banhar no Termódon e, em seguida, aprontaram-se para a festa, que, pensavam eles, seria regada, comida, bebida e mulheres disponíveis.

Estava tudo correndo bem, até o momento em que a rainha pegou o cinto para entregá-lo. Héra, que do alto do Olimpo acompanhava o desenvolvimento de tudo, avermelhou-se de cólera ao perceber a amável disposição da rainha. Desceu imediatamente à Terra, disfarçou-se em amazona e, com ar muito aflito, entrou a promover o levante das guerreiras, que de longe assistiam à conferência de Hipólita com os heróis.

— Esses homens vindos de Atenas pretendem raptar a nossa rainha! Se não a defendermos, Hipólita estará perdida!

Aos poucos, conseguiu convencer cada uma das guerreiras espectadoras, e num “efeito avalanche”, quase todas estavam dispostas a agir sem a permissão de sua rainha.

Tiâmides, um dos heróis gregos, tendo percebido a agitação do lado das Amazonas, ocultou-se perto do amotinado de guerreiras e, descobrindo o que acontecia, correu para avisar os seus, mas uma das Amazonas, Pantaristis, descobrindo-o, atirou-lhe pelas costas uma flecha certeira. Não teve tempo de preparar seus companheiros.

— Avançai, filhas do divino Áres! Não temos tempo a perder! Tomai as armas e segui-me!
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Mensagem por Hermes Trismegistus 13/3/2021, 05:43

Disse Aella, uma das Amazonas mais precipitadas, e muito veloz, que disparou uma seta contra Héracles, que, protegido com a pele do Leão de Neméia, fez a seta ricochetear. A agressão, porém, serviu para acender a zanga do herói que, empunhando seu arco, perseguiu-a, atirou e matou Aela. Foi o suficiente para começar uma luta sangrenta, o que provocou a fuga dos heróis gregos, já que se encontravam no campo inimigo. E Prótoe caiu no primeiro ataque. Depois, uma terceira guerreira, que havia vencido sete duelos, mordeu o pó da terra.

Como que movidas pelo instinto, lançaram-se em seus cavalos ao mais terrível dos ataques contra os invasores gregos. Avançaram cegas de ódio, no galope furioso de seus cavalos brancos, as lanças em riste e seus olhos a despedirem fagulhas. Hipólita quis intervir, mas não pôde, era tarde demais. Colhidos de surpresa, os heróis mal tiveram tempo de tomar suas armas. E foi uma luta de gigantes, onde caíram oito companheiras de caça da deusa Ártemis, que nas outras vezes sempre tinham acertado seus arremessos de lança, mas dessa vez erraram o alvo.

Alcipe, que havia jurado permanecer solteira por toda a vida, caiu nos braços da Morte. Manteve o juramento, mas não permaneceu viva.

Teseus defendeu-se como pôde, como um leão encurralado. Télamon conseguiu ser firme aos ataques. Sólon derrubou duas com um golpe de clava. Hipólita, vestindo seu cinto, não teve outra coisa a fazer senão lutar, ainda que sem pretender. E foi aí que uma seta perdida veio-lhe atravessar o peito, fazendo-a desabar. Antíope correu a acudi-la e, percebendo ser tarde para salvá-la, retirou-lhe o cinto, continuou a lutar, diante do olhar fixo e triste de Héracles.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 13/3/2021, 05:43

Em dado momento, Héracles, refeito do choque pela morte da rainha, tomou uma resolução decisiva. Ficar ali naquela luta era acabar perdendo a batalha. Por mais fortes e valentes que fossem, estavam desprotegidos, mal armados e em minoria. Era um punhado de heróis contra uma legião de guerreiras, divididas em três grandes grupos. O jeito era irem combatendo para fora da cidade e recuando na direção dos navios.

O combate continuava cada vez mais furioso, mas os heróis já estavam recuando. Defendiam-se como leões e recuavam para os navios. Já haviam sucumbido vários guerreiros, entre os gregos, e muitas baixas entre as Amazonas, como Leda, Círene, Pala, Tarpéia, Prótoe, Alcipe, Crise e Fobe. Aella, que costumava usar um machado duplo, foi detida por Héracles. E outras tantas guerreiras foram acuadas e fugiram, como Sanápe, que conseguiu chegar até a Paflagônia, onde haveria de se casar com um rei local. Sanápe chamava-se assim por ser incontrolavelmente dependente dos efeitos do vinho.

Durante a retirada, tendo Héracles, o filho de Zeus, se aproximado de Melânipe, agarrou-a pela cintura e voou para o seu navio, que se encontrava mais próximo da praia. A espada de Melânipe caiu-lhe da mão, e os companheiros de Héracles, vendo-o triunfar, abandonaram a luta e alcançaram suas naus. Télamon, de passagem, conseguiu agarrar Astéria e levá-la também para o navio, ameaçando matá-la, enquanto que Áctor, ferido, era arrastado pelos seus companheiros às pressas. O desapontamento e o desespero das Amazonas foi imenso. Não contavam com aquele golpe estratégico. E, de seu navio, com Melânipe firme em seus musculosos braços, berrou:

— Detende-vos, valorosas guerreiras! Tenho comigo um precioso refém. E de bom grado a libertarei se depuserdes as armas...

As Amazonas entreolharam-se, como que indecisas. Uma delas, a mais feroz de todas, justamente a que as havia amotinado, gritou:

— Não! Não deponhais as armas, lutai até o fim! Haveremos de abordar as naus!

Héra é quem falava, e Héracles a reconheceu.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 13/3/2021, 05:44

— Sei quem vos amotinou no momento em que tudo obtínhamos de Hipólita pacificamente, mas sei também de que nada valerá essa intervenção. A grande Atena me protege e permitiu-me capturar a vossa amável rainha. Se não depuserdes as armas, levantarei âncora e partirei com Melânipe prisioneira. Se de fato amais vossa rainha, deixai de atender à voz do despeito e atentei unicamente no que vos digo. Certamente seria o desejo de Hipólita.

As Amazonas entreolharam-se de novo e compreenderam a situação. Ou baixavam as armas ou perdiam a sua outra rainha — e de nada valeram os gritos histéricos da falsa amazona, que, nada mais podendo fazer, desapareceu diante dos olhos das Amazonas. Foi o suficiente para que, definitivamente, desistissem de lutar. Baixaram as lanças em sinal de trégua, ao sinal de Antíope, irmã de Hipólita e Melânipe. Héracles então disse a Antíope:

— Formosa rainha, fomos ambos prejudicados pela vingativa deusa que me persegue. O acordo feliz que estávamos a justar desfechou na desastrosa luta em que tantas guerreiras perderam a vida — e vi-me na contingência de aprisionar nesta nau a irmã daquela a quem eu só queria render homenagens. Mas restituir-vos-ei incontinenti à liberdade se, cumprido o acordo feito, me entregardes o zóster. E, com relação a Melânipe, pelo que sei, é prisioneira nesta terra, apesar de reinar contigo. Quero que seja libertada para que possa ir aonde bem entender e decidir o que desejar fazer.

Antíope não fez objeção nenhuma. Com o zóster em sua mão, foi entregá-lo pessoalmente ao filho de Zeus.

— Ei-lo. Levai-o à princesa que tanto o ambiciona. Hipólita era rainha por força do sangue e do devotamento de suas súditas, não por força de um objeto. Quanto a Melânipe, não a prenderemos mais, apesar que nosso desejo é que continue a governar este reino comigo, já que Pentesiléia, a filha de Hipólita, é ainda muito criança para governar.

Héracles tomou o cinto, enquanto que Teseus, aproximando-se, beijou-lhe a mão, dizendo:
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Mensagem por Hermes Trismegistus 13/3/2021, 05:45

— O mais humilde súdito da grande Antíope, a rainha das invencíveis Amazonas.

Estava finda a missão que Euristeus incumbira a Héracles. Admete, filha do rei de Micenas, ia usar na cintura o zóster da rainha Hipólita — mas nem por isso haveria de adquirir a imponente beleza da rainha das Amazonas, nem a sua esplêndida majestade. Uma coisa era nascer-se rainha, outra vestir-se de rainha. Hipólita nascera rainha e era da cabeça aos pés. Com grande majestade respondera a Héracles e com a maior dignidade deixou o navio para ir juntar-se ao bando de suas guerreiras, mas com um aperto no coração, por algum motivo estranho.

Teseus lá do barco de Héracles ia observando os passos lentos e delicados da rainha. A beleza de Antíope o tinha impressionado tão tremendamente que, chegando a hora da partida dos navios, declarou a sua intenção de ficar naquela terra por mais alguns dias. Peleus espantou-se:

— Ficar?

— Sim. Héracles aprisionou Melânipe, e Antíope aprisionou o meu coração. Já não poderei viver distante dela. Por isso, permanecerei com meus homens nesta terra por algum tempo. Brevemente voltarei para a Ática e mandarei notícias.

Horas depois, após erguer os túmulos para os heróis e as heroínas que pereceram em batalha, entre os quais o túmulo de Estênelos, que foi erguido na praia, onde tombou, as naus gregas levantaram âncoras, todas, menos a nau de Teseus. O herói ateniense ficou e, alguns dias depois, casou-se com Antíope, que passou a reinar sozinha sobre as Amazonas. Mais tarde, Teseus retornaria para a Ática, e Antíope o acompanharia para com ele reinar em Atenas, deixando o trono para sua irmã Melânipe e a princesinha Pentesiléia.

Héracles, como prometera, a exemplo do que havia feito no reino de Élis, instituiu em Mariandine, governado pelo rei Licos, jogos em honra dos deuses, e, durante as competições, matou Tísias, que até o momento era invencível no pugilato.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 13/3/2021, 05:45

Na volta para a Hélade, a frota se dividiu, tomando rumos diferentes. Três dos seus heróis decidiram se instalar na região de Sínope, próximo do país dos mariandinos.

OS ARGONAUTAS EM LEMNOS

Os heróis Argonautas, incumbidos de buscarem o Tosão de Ouro de Crisómalos, sob o comando de Jáson, filho de Aéson, saíram um dia do porto de Pagásai, perto de Iolcos, e rumaram para a costa ocidental da Ásia. Contornando o mar da Trácia, chegaram em Lemnos, aonde reinava Hipsípile, filha de Toas e Mírine (filha de Creteus). Lá chegaram para arranjar mais provisões.

E Tífis observou:

— Vede! Há algumas mulheres ali para nos recepcionar!

— Vamos ter diversão?

— Estão armadas... mas não parecem hostis.

Toas, “o que se move depressa”, até pouco tempo, há um ano, era rei em Lemnos. Tinha irmãos famosos: Estáfilos, Pepáretos e Enópion, rei de Quios. Eram todos filhos de Dionisos e Erígone, a filha de Icários. Até então, era senhor absoluto daquela ilha. Porém, um dia, as mulheres lêmnias faltaram com o respeito a Afrodite e negligenciaram o seu culto, demonstrando frieza para com seus maridos. A deusa, para vingar-se, inspirou nos homens violento amor pelas escravas que haviam, certa feita, conquistado na Trácia, e abandonaram as esposas. As lêmnias, furiosas e ofendidas, formaram uma conspiração e assassinaram todos os homens no prazo de uma única noite. Somente Hipsípile conservou a vida do rei seu pai, que ela fez ocultar numa caixa e transportar secretamente para Quios, aonde reinava o irmão Enópion. Após a conspiração, Hipsípile foi eleita rainha de Lemnos. Desde então elas temiam um ataque por parte dos trácios e, cautelosas, olhavam freqüentemente para o mar. Por isso, quando viram o navio Árgo se aproximando, saíram assustadas pelas portas da cidade e dirigiram-se para a praia armadas como as Amazonas. No entanto, não se mostraram hostis e aguardaram.
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