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Mitologia Grega

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Hermes Trismegistus
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Mensagem por Hermes Trismegistus 21/3/2021, 15:58

Pra você ver, o jovem deus Hermes (filho de Zeus e Maia), o último a compor a mesa do Olimpo, nunca foi um deus pretensioso, jamais conspirou contra Zeus (seu pai), ao contrário de Apolo, Poseidon e Héra, tinha fama de astuto e ladrão, quando na verdade era um mensageiro e um combatente fiel de Zeus (só perdendo para Atena). Era uma espécie de "come quieto", que pouco se destacava, costumava não opinar nos conselhos nem se impor, era um mero ouvinte. Porém, era um "cara" muito inteligente, o único entre os deuses que tinha livre passagem para o Mundo dos Mortos, o que mais conhecia os atalhos aos países míticos e místicos, era extremamente veloz (o único alado entre os Doze Olímpicos) e muito amigo dos seres humanos, tal qual Atena e Prometeus. Intermediava tudo, era geralmente imparcial, exceto ao se tratar de Zeus, acobertando todos os seus casos de amor.

Teria Héra motivos para gostar de Hermes?
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Mensagem por Hermes Trismegistus 21/3/2021, 16:00

Curiosidade:

ÍRIS era uma deusa mais antiga que HERMES. Íris passou a ser mensageira oficial do Olimpo logo depois da Titanomaquia. E, aos poucos, quando Zeus passou a ter amantes humanas, adquiriu a confiança de Héra, tornando-se sua confidente.

HERMES nasceu numa época antes do Dilúvio, quando Licaón era rei entre os Léleges (da futura Arcádia). Ele, assim que nasceu e saiu saltitando, foi enviado a Ácacos (filho de Licáon) para lhe dar educação. Em seguida, ao ser aceito no Olimpo, tornou-se o mensageiro particular de Zeus. Anos mais tarde, depois que Prometeus foi acorrentado ao Cáucaso, Zeus puniu a humanidade com o Dilúvio.
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Mensagem por Dree Elle 21/3/2021, 16:17

Embora Hermes seja muito inteligente e precoce, ele desvia os seus dons para trapaças. Não é um deus confiável, mesmo com tantos talentos. No dia em que conhece seu irmão Apolo, rouba uma de suas vacas e disfarça as pegadas para que Apolo não descubra que foi ele. Quando Apolo o encontra e descobre a verdade, ao tentar insultá-lo (lógico) ele "compra" Apolo com a lira.
Sem falar na cumplicidade em acobertar as investidas amorosas de Zeus fora do casamento, como você mesmo relatou.
Ele era cultuado pelos ladrões e advogados.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 21/3/2021, 16:23

Conheço o mito, Dree Elle. Só que HERMES era fiel a Zeus. Por Hermes ser ladrão, inclusive grande parte de seus filhos, não significa que não fosse confiável. Lembrando que Hermes roubou o rebanho de Apolo assim que nasceu, tornando-se um adolescente prodigiosamente, ou seja, não teve tempo de ser educado por deus ou homem. A rapinagem e a sua personalidade sagaz vinha de berço. Por isso que foi enviado a Ácacos, para ensiná-lo a ser leal, especialmente com Zeus. Mais do que um ladrão, é um bom negociador, pois conseguiu o perdão de Apolo com uma barganha. O que Hermes tem de esperto, Apolo tem de bobo.
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Mensagem por Dree Elle 21/3/2021, 16:34

Prefiro considerar Apolo como honesto, não como bobo.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 21/3/2021, 17:38

Desculpe, foi só uma força de expressão para mostrar o oposto de Hermes. Hermes foi intensamente criativo, tanto que passou também a ser usado como símbolo da Indústria. Pode ver: o gorro de Hermes, as asas e o Caduceu estão em boa parte dos símbolos da Indústria, do Comércio, dos Correios, da Advocacia, da Aeronáutica, das Prefeituras, nos emblemas da Ginástica e dos Esportes, e até na Medicina.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 21/3/2021, 18:28

Trofônios e o Templo de Apolo

Trofônios, filho de Apolo e Epicasta, era um excelente arquiteto, e suas obras famosas foram muitas. Ajudado por seu padrasto Agámedes, filho do rei Estínfalos, e o jovem Cércion, seu meio-irmão, havia construído o Templo de Poseidon, na Arcádia.

Sabedor dessa magnífica obra, Apolo mandou chamar seu filho Trofônios e Agámedes imediatamente.

— Quero que seja construído um magnífico templo para mim em Delfos. Está mais do que na hora de construir o templo no lugar onde se encontra o meu santuário.

Padrasto e enteado aceitaram o desafio. Desde aquele dia debruçaram-se sobre a planta com seus utensílios de desenho, erguendo arcadas, projetando abóbadas e imaginando mil e uma volutas e arabescos para os pilares.

Trofônios dizia ao padrasto, que ajustava o compasso:

— Vai ser uma obra-prima.

Depois de um mês de intenso labor, finalmente apresentaram a Apolo o projeto. O deus deu uma palmada de alegria no joelho e disse, dirigindo-se a seu filho:

— Nada menos que magnífico! Então, mãos à obra!

Trofônios e Agámedes, com a ajuda de Cércion, filho legítimo de Agámedes, gastaram os próximos sei meses numa labuta sofrida para erguer do chão a esplendorosa construção. A cada dia, se servindo de um grupo de trabalhadores robustos, uma nova e gigantesca maravilha surgia ante os olhos deliciados dos pedreiros, que diziam:

— Que beleza!

— Um estupor!

E Trofônios chamava-lhes a atenção:

— Vamos lá, vamos lá, gente! Temos ainda muito trabalho pela frente. Assim que terminarmos, faremos uma festa.

Ao fim do prazo a obra estava pronta. Apolo foi chamado, e uma venda foi colocada sobre os seus olhos — sugestão do próprio Trofônios, que apreciava mais que tudo ver o brilho de espanto e alegria nos olhos dos clientes. Isso que ele mesmo desconhecia que Apolo fosse o seu verdadeiro pai.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 21/3/2021, 18:29

Assim que a venda foi retirada e Apolo pôde contemplar a maravilha que os dois arquitetos haviam erguido em sua homenagem, chegou quase a perder os sentidos, ele, um deus. Agámedes, acostumado com os desmaios de seus clientes logo que presenciavam as obras prontas, exclamou:

— Rápido, trazei um pouco de hidromel!

Apolo não se conteve, assim que recuperou os sentidos:

— Sois estupendos! Excedeis tudo quanto o projeto prometia... Sois dignos do Olimpo!

O resto do dia o deus passou adorando seu novo templo, e provavelmente tenha ficado à noite também, em atônita e muda contemplação.

No dia seguinte Trofônios e Agámedes compareceram diante de Apolo para receber o seu pagamento.

— Quanto achais que vale o serviço perfeito que fizestes?

Os dois entreolharam-se, confusos. E Trofônios, encabulado, respondeu:

— Bem, divindade, não saberíamos estipular...

— Ora, vamos, deixai de modéstia! Qual pode ser o melhor prêmio para um mortal?

Os dois atrapalharam-se ainda mais. E Apolo estendeu a ambos uma enorme sacola, repleta de moedas de ouro.

— Tomai isto. Daqui em diante gastai o que aqui tiver, fazendo tudo quanto gostariam de ter feito e ainda não puderam fazer. Só depois recebereis, então, o pagamento definitivo.

E Agámedes, cujo rosto refletia a cor dourada das moedas, exclamou:

— Mas, divindade...já não é o pagamento?

— O prêmio maior que um mortal pode ambicionar ambos tereis um dia, quando chegar a hora.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 21/3/2021, 18:29

Então, começaram a gastar tudo quanto eles puderam, depois que dividiram as riquezas entre si. A família aumentou seus recursos e, com o tempo, tornaram-se mais ambiciosos. Comiam tudo o que enxergavam, até ficarem verdes de cólica. Encharcavam-se de vinho até caírem desmaiados sobre as mesas. Viajavam por inúmeros lugares numa liteira de ouro, até ficarem vesgos de tanto ver paisagens. Dançavam loucamente em todas as tavernas, como bufões enlouquecidos, até incharem os pés de bolhas. Escutavam as mais belas músicas que o gênero humano pôde compor, até não suportarem mais um único acorde. Contrataram os maiores sábios do mundo para que lhes explicassem os segredos do Universo, adormeceram antes que todas as sumidades pudessem chegar a qualquer conclusão. E juntaram em casa quantas mulheres belas o dinheiro podia pagar. Até a sacola esvaziar, até a última moeda, e tiveram que voltar a trabalhar. E, conforme a promessa do deus Apolo, assim que chegasse a hora propícia, teriam o pagamento definitivo por seus serviços prestados.

A CÂMARA DOS TESOUROS DO REI HIRIEUS

Trofônios e Agámedes, com a ajuda de Cércion, construíram, ainda, em Tebas, a câmara nupcial de Alcmena, recém desposada por Anfitríon. E se empenharam ainda a construir a câmara dos tesouros do rei Hirieus, em Híria. Na parede dessa tesouraria, colocaram uma pedra de modo que pudesse ser tirada e, graças a isso, de tempos em tempos, o tesouro era roubado. Hirieus ficou intrigado, pois todas as fechaduras e trancas estavam intactas e, no entanto, suas riquezas diminuíam constantemente.

Afinal, Hirieus armou uma cilada para o ladrão, e Agámedes foi apanhado. E Trofônios, não podendo livrar o padrasto, e receando que este, quando encontrado, fosse obrigado, pela tortura, a revelar o nome de seu cúmplice, cortou-lhe a cabeça.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 21/3/2021, 18:30

Talvez por justiça ou por vingança, pouco tempo depois, por força divina, Trofônios foi engolido pela Terra. Muito mais tarde, durante uma prolongada seca, os beócios seriam aconselhados pelo deus Apolo, em Delfos, a procurar a ajuda de Trofônios, em Lebadéia. No entanto, o povo certamente saberia que ele havia morrido, mas se dirigiriam para Lebadéia, e não o encontrariam. Contudo, um dos homens haveria de avistar um enxame de abelhas, que o levariam até uma fenda aberta na terra, exatamente o lugar onde Trofônios havia desaparecido para sempre. Este era o lugar onde, então, nasceria o Oráculo de Trofônios.

Cerimônias peculiares deveriam ser executadas pela pessoa que iria consultar o Oráculo. Depois dessas preliminares, a pessoa penetraria na caverna por uma estreita passagem, somente podendo entrar à noite. Voltaria pelo mesmo caminho, mas caminhando de costas, mostrando-se melancólico e abatido.

Cumpriu-se a promessa de Apolo. Trofônios, Agámedes e Cércion, a eles foi dado a Imortalidade.

FIM
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Mensagem por Hermes Trismegistus 21/3/2021, 18:33

Belerofonte

A FONTE PÍRENE
Havia uma ninfa, Égina, que era filha do deus-rio Ásopos. Era ela a mais bela entre as suas cinqüenta filhas. Certa vez, perto de Fliunte, Zeus avistou a ninfa e foi tomado de intenso amor por ela. Então, transformando-se em águia, seu animal favorito, precipitou-se sobre a Terra e raptou-a, seguindo em direção do mar de Troézenos (o futuro golfo Sarônico, hodiernamente mar de Égina). Naquele mesmo instante, em meio a uma supervisão, o rei Sísifos, filho de Éolos, que se empenhava na fundação de uma cidade sobre a colina onde estava a pequena Éfira, foi testemunha ocular do rapto, e pretendeu espalhar a notícia com o fito de tirar algum proveito disso.

O pai da moça, o deus-rio Ásopos, encolerizado com o rapto da filha, procurou-a por toda parte, e não havia jeito de encontrá-la, até ouvir os boatos que partiram da boca de do rei Sísifos. Então, Ásopos, abandonando a sua morada, chegou perante Sísifos, o rei da nova cidade de Corinto, o acusou:

— Tu tens a má fama de ladrão. Por acaso não raptaste a minha filha Égina?

— Não, mas eu sei onde ela se encontra.

— Então, diz!

Sísifos pensou um pouco.

— Ásopos, vou ajudar-te a encontrar tua filha. Primeiro faze aparecer uma fonte na colina sobre a qual estou construindo minha cidadela, em Corinto!

O deus-rio, mesmo conhecendo a fama de embusteiro daquele homem sem escrúpulos, sabia também que era um rei justo e pacífico. Por isso, sem ter o que perder, concordou:

— Está bem, farei brotar uma nascente na tua cidade! Mas isto somente se tu jurares que me dirás o paradeiro de minha filha.

— Juro pelas águas negras do Estige.

Ásopos, então, acompanhado pelo rei até o alto da colina (o Acrocorinto), perto da estrada de Licáon e do Templo de Poseidon. bateu no chão com a sua clava mágica e fez aparecer uma fonte dupla, que haveria de se chamar Pírene.

Então, Sísifos revelou:

— Zeus se apaixonou por tua filha. Vi os dois passando pelo bosque que fica no vale perto daqui.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 21/3/2021, 18:34

Ásopos, muito zangado, saiu a procura de Zeus, que deixara seus raios descuidadamente pendurados em uma árvore. Quando Ásopos correu na direção dele, armado com a sua clava, Zeus fugiu e se transformou em uma rocha pela qual Ásopos passou correndo sem notar. Zeus, então, readquiriu sua verdadeira forma, pegou seus raios e atirou um em Ásopos, que daí em diante passou a mancar da perna em que foi ferido.

O CURTO REINADO DE PÍRENOS

Anos mais tarde nasceu Hipónoos, na velha cidade de Éfira (Corinto), da união entre Poseidon, o deus dos mares e a princesa Eurímede, filha do rei Nisos e esposa de Glaucos, “o verde-mar”. Eurimedéia tinha um filho de seu esposo Glaucos, filho de Sísifos, e chamava-se Pírenos, ainda assim o pequeno Hipónoos foi bem recebido na casa real, e recebeu dos deuses o dom de uma incomparável beleza, além de outros dotes que o tornaram amado pelos seus semelhantes. Portanto, Hipónoos foi conhecido pela sua dupla paternidade, como filho de Poseidon e de Glaucos, o rei de Éfira.

Anos mais tarde, o jovem Aleímenos, conhecido também pelo nome de Pírenos ou Beleros ou Delíades, filho de Glaucos, era o legítimo herdeiro do trono de seu pai, e recebeu o poder de suas próprias mãos, tornando-se cruel e tirano, desaprovado por todos.

Hipónoos estava noivo da princesa Aetra, filha de Piteus, quando, acidentalmente, acertou Aleímenos (ou Beleros) e matou-o durante um concurso de arremesso de dardos, e teve que expatriar-se, pois temia ser perseguido e morto por seus súditos. Exilou-se em Cálidon, onde reinava o grande Oineus, e com ele teve laços de amizade. Depois foi para Titinto, onde o rei Proetos, recém assumindo também o governo da cidade de Árgos, recebeu-o hospitaleiramente em seu palácio, ao lado de sua esposa Antéia.

Enquanto isso, Aetra voltava para a casa de seu pai Piteus, em Troézen, e haveria de chegar o dia em que viesse a conhecer Egeus, tornar-se sua mulher e lhe dar um filho famoso: Teseus.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 21/3/2021, 18:34

O rapaz, agora um exilado, identificou-se como sendo filho caçula de Glaucos, o rei de Éfira, e contou-lhe o que havia ocorrido, da morte acidental a seu irmão Aleímenos. E, depois de ter ouvido a narrativa do acidente, o rei Proetos, como era de seu direito, expurgou o mancebo da culpa de fratricídio, permitindo-lhe, se assim desejasse, estabelecer moradia em Árgos. A esta proposta acedeu Hipónoos, e ter-se-ia estabelecido ali com prazer, não houvesse despertado em Antéia a paixão pelo jovem visitante.

O povo de Tirinto rebebeu Hipónoos com vaia, com reprovação, e já começava a surgir-lhe um rótulo, pelo qual seria conhecido pelo resto de sua vida: Belerofonte, o assassino de Beleros.

BELEROFONTE E ANTÉIA
A rainha Antéia, esposa de Proetos, que notara a beleza e a virilidade do jovem hóspede, por Hipónoos se apaixonou e, ao cruzar com ele nas escadarias do palácio, agarrou-o e propôs-lhe tentadoras palavras de sedução.

— Belo jovem, deixa-me amar-te.

No entanto, temendo um atrito com o rei, seu anfitrião, fugiu de sua proposta indecente. Ela estranhava a atitude de Hipónoos, pois nada conseguia com ele, já que considerava-se muito bela e sedutora; nenhum de seus generais jamais a recusariam. Mas resolveu de novo tentar, e novamente, e outra vez, e nada conseguiu dele. Então, resolveu tentar pela última vez:

— Querido, vamos fugir juntos!

— Claro que não, rainha Antéia! Tu és casada com o rei que me deu hospitalidade e foi muito bondoso comigo.

Antéia, vendo que suas investidas não davam em nada, decidiu punir seu objeto de desejo:

— Pagarás caro por me rejeitares!

Então, indignada pela recusa, já que jamais seus amantes a haviam ignorado uma só vez, foi até o rei e sussurrou-lhe maldosamente:

— Proetos, querido, esse rapaz é muito abusado...

— Abusado? Quem?
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Mensagem por Hermes Trismegistus 21/3/2021, 18:35

— Hipónoos, aquele intitulado Belerofonte, como corre boatos; ele acaba de me pedir para fugir com ele, traindo-te, meu esposo. Tu já viste comportamento mais revoltante? Esse insolente não tem feito outra coisa desde que chegou a este reino senão me cercar com propostas indecentes. Mata esse homem, se me amas e não quiseres morrer em desgraça, pois me encontro perturbada e muito ofendida.

O rei deu crédito a esta calúnia e ficou encolerizado, mas não ousou mandar matá-lo, pois temia a ira das Erínias, e, ademais, já ouvira falar da infidelidade de sua própria mulher. Por isso, preferiu não repreendê-lo também. Então, escreveu uma carta a Ióbates, seu sogro e rei da Lícia, na Ásia, e mandou Hipónoos cruzar o mar para levá-la como seu emissário, e ordenou-lhe que não a abrisse. E não poderia, já que as cartas eram lacradas com um selo real. Hipónoos sentiu-se útil e muito honrado por cumprir essa tarefa ao seu anfitrião. Por isso, foi preparar-se para a viagem.

No dia seguinte, Hipónoos entrava num barco tripulado e seguia rumo ao Oriente, observado de longe pelos olhos malévolos de Antéia.

DIANTE DO REI IÓBATES
O navio vindo de Tirinto chegava a um porto do rio Xantos, na Lícia. Hipónoos foi bem-recebido por Ióbates, monarca bondoso e hospitaleiro, que lhe ofereceu todos os agrados de costume, sem lhe perguntar quem era nem de onde vinha. Sua nobre figura e seu comportamento principesco lhe mostravam que não estava acolhendo um hóspede qualquer. Mandou que todas as homenagens fossem prestadas ao jovem, ofereceu festas em sua honra todos os dias e sacrificava diariamente um touro aos deuses. Só no décimo dia ele perguntou ao hóspede qual era a sua origem e quais as suas intenções. Hipónoos, agora Belerofonte, então lhe disse que fora enviado a mando de Proetos. Ióbates ficou muito feliz e intensificou ainda mais a curiosidade. E, como prova do que dizia, Hipónoos entregou a carta a ele destinada. O rei, abrindo a carta, leu-a e ficou surpreso. A carta dizia:
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Mensagem por Hermes Trismegistus 21/3/2021, 18:36

“Por favor, corta a cabeça do portador, que foi muito grosseiro para com a rainha tua filha.”

Ióbates desejou ardentemente matá-lo ali mesmo, mas temeu a ira de Hermes, o deus protetor dos viajantes e dos mensageiros. Por isso, conteve-se. Não via razão por que deveria matar aquele rapaz somente para ser agradável ao genro. Por outro lado, ressentia-se do repreensível procedimento de Hipónoos em relação à Antéia. Afinal, havia-se afeiçoado pelo jovem hóspede, e teria que pensar em outra solução.

E o rei, mentindo o que dizia a carta, disse-lhe que deveria se tornar seu criado e campeão. Por isso, nesta qualidade, até então um privilégio para qualquer homem ao seu rei, Hipónoos recebeu a incumbência de ir matar um monstro que assolava a Lícia: a Quime ra, filha de Tífon e Équidna.

— Belerofonte, meu jovem, somente tu, que inspiras muita coragem, poderás fazer frente à horrível criatura que vem a tanto tempo aterrorizando o meu reino!

— Mas que monstro é esse que chamais de Quimera?

— É uma besta que expele chamas pela boca e pelo nariz. Ela tem corpo de cabra, cabeça de leão e cauda terminada em serpente, e guarda o palácio de Pátera, a cidade de meu inimigo, Amisódoros, o rei da Cária.

Na verdade, como o monstro era invencível, tinha, com isso, a intenção de tirar-lhe a vida, sem ser acusado de assassinato perante os deuses.

Hipónoos, já rotulado pelo povo de Belerofonte, prometeu fazer o melhor que pudesse, pois sentia-se ingenuamente honrado em servir a Proetos e Ióbates.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 21/3/2021, 18:36

EM BUSCA DE PÉGASOS
Para se preparar, Hipónoos retirou-se a um lugar isolado a fim de orar à deusa Atena, a protetora dos heróis. Atena, agradecida pela consideração do rapaz, desceu do Olimpo para passar-lhe instruções. Aconselhou-o a, primeiro, domar um cavalo alado chamado Pégasos, que vivia no monte Hélicon, alimentado pelas Musas no inverno, quando a neve cobria a relva. Hipónoos sabia que Pégasos muitas vezes voava para o sul, para o istmo de Corinto, pois já o havia visto uma ou duas vezes bebendo em uma de suas fontes favoritas. Para tanto, precisava retornar à Hélade.

Hipónoos, mais do que depressa, fingindo partir para a Cária de imediato, voltou a Corinto, em segredo — pois tinha medo de ser preso por assassinato — e tornou a rezar a Atena. E adormeceu. E, num sonho, apareceu-lhe sua protetora, a deusa, segurando nas mãos magníficas rédeas de ouro, instrumento que precisaria para a tarefa difícil na qual só Perseus havia até então conseguido: domar Pégasos.

— Por que estás dormindo, príncipe da casa de Éolos? Pega estes instrumentos, oferece um touro a teu pai Poseidon e faz uso das rédeas mágicas.

Belerofonte despertou, percebendo que havia sonhado. Porém, espantou-se quando viu consigo as magníficas rédeas que lhe havia dado a deusa Atena. Então, com esse sinal, convenceu-se que os deuses o protegiam. Então, levantando-se e passando água nas faces, seguiu seu caminho à fonte de Pírene, perto de Corinto.

Mas precisava de conselhos, alguém que o ajudasse a encontrar o que procurava. Portanto, foi ter com o vidente Políidos e contou-lhe o sonho. O vidente recomendou-lhe que obedecesse à deusa, sacrificasse o touro a Poseidon e construísse um templo em honra de Atena-Hípia, pois, assim como havia feito a Perseus, agora também o protegia.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 21/3/2021, 18:37

Hipónoos, evitando mencionar seu nome para não ser reconhecido, foi para o lugar onde havia a fonte Pírene. Um velho, um homem de meia-idade e um menino olhavam cheios de encantamento a água saindo de um olho na encosta e formando um pequeno lago remansoso, como espelho ao Sol, do qual descia um fio cristalino, que ia recebendo, pelo caminho, outros fios d’água para formar um ribeiro e, muito além, um largo e generoso rio que banhava e dava sustento à cidade de Corinto.

Uma garotinha acabava de chegar, clara como a água da fonte que enchia o seu cântaro. E tudo era paz e sossego, quando o jovem Hipónoos, belo, forte, de aspecto viril, surgiu de repente. Trazia na mão uma brida incrustada de pedras preciosas e um freio de ouro como jamais se vira naquela região. O menino e a mocinha não sabiam o que mais admirar, se a beleza do rapaz, se a riqueza da rédea e do freio.

— Tem nome esta fonte?

Respondeu a garota:

— É um nome famoso. É a fonte de Pírene. Dizem os antigos que esta fonte já foi gente...

— Sim? Conta, conta mais...

— Ouvi dizer que a fonte fora antes mulher e nascera de suas lágrimas, quando as flechas de Ártemis, a caçadora, havia morto seu filho.

— Esta água clara e fresca é apenas um coração de mãe que ainda chora e se consola confortando os que têm sede.

Hipónoos observou:

— E me dando uma grande alegria. É exatamente a fonte de Pírene que eu venho, há muito, procurando.

— O rio desta fonte surgiu há muitos anos quando Sísifos, o rei desta terra, prestou auxílio ao grande Ásopos, que procurava sua filha Égina, e Sísifos disse-lhe ter sido Zeus que a havia raptado.

O velho, que desde que o estranho havia chegado, não tirava o olho da brida e do freio, perguntou intrigado:

— Vens de algum deserto? Vieste a cavalo? Teu cavalo fugiu?

— Não... Vim procurar, nesta fonte, o animal único no mundo que merece ser governado por estas duas peças maravilhosas.

E exclamou o menino:

— Já sei! É Pégasos!
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Mensagem por Hermes Trismegistus 21/3/2021, 18:37

Comentou o velho:

— Então perdeste a viagem. Aqui nunca houve Pégasos nenhum. Superstições desse povo...

— Tens razão. Pégasos não há. Eu, pelo menos, não acredito em bobagem.

— Nem eu. Muito me admira que um moço como tu, que pareces tão instruído, possas acreditar em fábulas... Se houve um Pégasos, segundo se sabe, foi para o Olimpo. Dizem aqueles que acreditam que nasceu do sangue da Górgona, que Pégasos vive entre as Musas do Hélicon, e não aqui.

Belerofonte ficou sério com a observação dos dois mais velhos. Para ele, Pégasos existia. E precisava existir! Toda a sua vida e seu futuro dependiam do fabuloso cavalo alado, cujos feitos enchiam a Hélade. Era um cavalo branco, belíssimo, de asas prateadas, que nascera do sangue de Medusa e criado no monte Hélicon, e raramente punha os pés na terra. Mais altaneiro que as águas, galopava nas nuvens. Mais veloz que o raio, vencia em segundos as maiores distâncias. Vivia sempre só. Nunca fora montado por algum mortal desde que Perseus, responsável pelo seu nascimento, o havia domado — sendo que nem todas as pessoas da Hélade acreditaram em tal história. Não acreditavam que Pégasos, um cavalo tão maravilhoso, pudesse ser fruto de um ser tão horrendo como Medusa. Ademais, pousos sabiam que Medusa, um dia, fora uma bela ninfa antes de se tornar uma das terríveis Górgonas. Ignoravam, por isso, a existência de Pégasos, o veloz dominador das alturas, que dormia nos pícaros nevados, que costumava mirar-se, do alto, nos lagos e nos mares, e habitava as nuvens. E havia quem dissesse que fora ele o primeiro ser a chegar até as estrelas...!

Mas tinha um fraco pela fonte de Pírene., em cujas águas se refrescava, descansando dos seus passeios aéreos, longe dos olhos das pessoas. Nunca imaginara Hipónoos que, exatamente junto às águas de Pírene, viria encontrar os primeiros que lhe negassem a existência de Pégasos. Mas sentiu que tinha dois aliados no menino e na mocinha. Por isso, perguntou à garota:

— Nunca o viste?
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Mitologia Grega - Página 34 Empty Re: Mitologia Grega

Mensagem por Hermes Trismegistus 21/3/2021, 18:39

— Acredito que sim. Ou era Pégasos ou um enorme pássaro branco, a voar muito alto... E uma vez, enquanto enchia aqui o meu cântaro, ouvi um relincho diferente dos relinchos comuns; melodioso, lindo... Mas eu me assustei e fugi.

Voltou-se Hipónoos para o menino.

— E tu?

— Eu? Muitas vezes!

O velho observou, apoiando-se no longo cajado:

— O menino é maluco...

O menino, acostumado aos sarcasmos dos dois camponeses, não lhes deu ouvidos. E contou que muitas vezes vira, refletida na água da fonte, a imagem de Pégasos, muito viva e brilhante.

— Quando olho para o alto, ele já passou. Mas sempre que posso, venho aqui e fico esperando, na água, o meu belo cavalo de asas. Ah! seu eu pudesse montá-lo! Sairia por esse infinito, iria ver quem mora nas nuvens, quem vive bem no cume das montanhas.

O velho ia soltar uma nova piada, quando Hipónoos falou:

— Pois olha, garoto. Vou ficar, como tu, esperando. Eu preciso, de qualquer maneira, encontrar Pégasos. Sem ele, não posso matar o monstro mais devastador que existe na Terra, a Quimera. Já te falaram dele?

— Já! A das três cabeças?

— É... mais ou menos isso. Pelo que sei é um misto de leão, cabra e serpente. Vomita fogo, queimando os campos, devorando crianças. Tem um corpo espantosamente feio. Solta rugidos pela boca, rugidos que se ouvem a distâncias enormes. E o bafo quente que a bocarra expele quando passa nos campos e florestas, transforma tudo em deserto...

A menina arrepiou-se.

— É horrível! E vais enfrentá-lo sozinho?

Hipónoos empolgou-se com a prosa, perdendo a prudência de vez, revelando sua identidade.

— Eu o prometi ao rei da Lícia, Ióbates, que teme ver todo o seu povo morto pela Quimera e todo o seu país incendiado. Mas Quimera, além do veneno, do bafo, do fogo, da fúria e da brutalidade, é de uma tremenda rapidez de movimentos. Ninguém escapa de seus botes. Mas se eu pudesse cavalgar o fabuloso Pégasos, meus amigos, não haveria Quimera que pudesse comigo. A felicidade de muita gente depende de mim...
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Mensagem por Hermes Trismegistus 21/3/2021, 18:39

— E de Pégasos.

Completou o menino. Tal observação do estranho despertou mais ainda a curiosidade e as suspeitas dos mais velhos. Devia ser Belerofonte, um criminoso que havia sido enviado ao rei Ióbates, e voltava ileso para a terra de origem. E começaram a vigiá-lo para que pudessem ter certeza de quem se tratava.

Durante muitos dias, pacientes, teimosos, os dois esperaram, Hipónoos e o menino.

— Tu vigias a água, eu vigio o céu.

E, a não ser à noite, quando tinha que voltar para casa, o garoto estava sempre ao lado do amigo, os dois confiantes na espera.

Afinal chegou o dia.

— Olha, Hipónoos! Há uma imagem na água. É o cavalo de asas! É Pégasos!

Olharam o céu. Nada viram.

— Já passou, com certeza.

— Ele volta, senhor. Eu não te disse, hoje cedo, que tinha um palpite? O coração me avisava de que hoje ele ia descer.

— Então precisamos nos esconder. Se ele nos avistar, não vai descer.

Esconderam-se num pequeno bosque perto e ficaram de olho, escondidos atrás de uma rocha. Não demorou muito, rompendo uma nuvem, pairando no céu, batendo as asas, avistava-se um vulto brilhante, que tanto podia ser um gigantesco pássaro desconhecido como o próprio Pégasos, tão famoso em toda a Terra.

Realmente era. Descrevendo círculos majestosos, numa calma aparente, um cavalo branco de cascos prateados, agitava as grandes asas.

— Quieto, garoto... Não te mexas.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 21/3/2021, 18:40

Ele vinha descendo. Quanto mais próximo, mais bonito parecia, mais belo era o bater de suas asas prateadas. Por fim, tão leve que nem amassou a relva que crescia em redor da fonte nem deixou vestígio de seus cascos, pousou em terra e, baixando a orgulhosa cabeça, começou a beber, com grandes suspiros de satisfação e tranquilas pausas de contentamento. Quando saciou a sede, Pégasos pôs-se a saborear, em golpes muito delicados, alguns capulhos de trevo, que remoeria com gosto. Talvez nem nas encostas do monte Hélicon, cercado de nuvens, Pégasos encontrasse trevo tão tenro e tão bom. Depois começou a saltar e quase dançar, com uma alegria de potrinho novo, sacudindo as grandes asas que eram seu distintivo. Seus cascos inquietos mal pousavam no solo, acostumados ao macio das nuvens.

Hipónoos e seu amiguinho contemplavam maravilhados aquele animal de porte altaneiro e olhar companheiro do Sol. Viram-no estender-se no chão e revolver-se, como buscando a carícia da relva. Ergueu-se depois, de orelha atenta.

— É agora!

Pensou Hipónoos. E saindo do bosque, deu uma corrida e montou-o, num salto veloz. Mais veloz foi o salto assustado que Pégasos deu, confundindo-se com uma nuvem a centenas de metros do chão. Resfolegava e estremecia de horror. Corcoveava no espaço, querendo safar-se. Mas Hipónoos, subindo e baixando nos corcovos indômitos, entrava e saía da nuvem, sem largar a crina e já fazendo jeito de aplicar a brida e o freio.

De repente, já de grande altura, querendo jogar de si aquele corpo estranho que levava no lombo, Pégasos deu um salto-mortal e baixou para terra em voo rasante. Voltou a cabeça, de brusco, e, vendo o rapaz, fez uma tentativa feroz de mordê-lo. Não conseguiu. Bateu as asas com extrema violência, e plumas voaram caindo no chão. O garoto, saindo do esconderijo, saiu recolhendo as plumas que caíam.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 21/3/2021, 18:41

— Vou guardar como lembrança.

Pégasos se distraiu, um segundo, com a visão do menino. Foi a vez de Hipónoos. Ele conseguiu encaixar o freio de ouro e a brida. Logo que conseguiu fazê-lo, como que por encanto, o animal serenou. Já não parecia o selvagem e rebelde de momentos antes. Parecia feliz com o seu ginete. Mas naquele subir e descer, voando pelo espaço, Pégasos e seu domador inesperado, já estavam chegando ao Hélicon. O fogoso animal pousou em terra e esperou, com doçura, que o ginete descesse. Este não se fez esperar. Desmontou sem largar a brida e acariciou-lhe o pescoço. Os dois se entendiam como velhos amigos, ou melhor, como dois irmãos, já que, tanto ele quanto Pégasos eram filhos de Poseidon.

Hipónoos passou alguns dias numa fase de intenso treinamento. Levou grandes sustos nas primeiras viagens aéreas, montando no dorso inquieto de Pégasos. Precisava dominar perfeitamente. De modo que não descansava... pulava no dorso do animal de asas prateadas, espicaçava-o e lá seguiam os dois a furar as nuvens, subindo, descendo, volteando, empinando, parando, seguindo, acariciando o companheiro fiel de suas novas aventuras. Por ele, ficaria morando tranqüilo no monte Hélicon, sempre revestido de nuvens e coberto de neve, fazendo, quando lhe desse na ideia, o seu turismo aéreo em ritmo de relâmpago pelos imprevistos do céu. Mas tinha uma grande missão a cumprir. Muitas vezes vira, do alto, os campos desolados da Lícia, estorricados e nus, sinal evidente dos incêndios causados pela terrível Quimera. Prometera ao seu rei, prometera ao seu povo que os libertaria daquele flagelo.

— Não tenho tempo a perder... Preciso eliminar o monstro!

E quando Hipónoos viu que já dominava perfeitamente o seu alado companheiro, numa bela manhã às margens do Pírene, ajaezou o animal, saltando-lhe sobre o lombo.

Nesse momento, descoberto e reconhecido, os inimigos de Hipónoos apareceram para prendê-lo.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 21/3/2021, 18:41

— É Belerofonte! Prendei-o!

O herói, vendo que eram soldados de Corinto, gritou:

— É hoje, meu velho! Temos uma missão a cumprir!

E ganharam o céu.

QUIMERA
Hipónoos já havia localizado, nas viagens anteriores à Cária, o antro rodeado de montanhas em que vivia a Quimera e de onde saía, tantas vezes, a destruir campos e aldeias. Não foi difícil chegar lá. Era fácil guiar o animal, que parecia já ter percebido tudo o que dele esperava Hipónoos. Viu, do alto, vários campos que denunciavam a terrível presença.

— Tenho que esperar que ele saia. É hoje ou nunca.

E escondido numa nuvem, ficou atento observando. Súbito, teve a impressão de que o seu peito ia explodir com o seu coração bombibatendo.

De repente, um vento quente subiu da Terra. A terrível Quimera saía de seu antro, expelindo chamas candentes, enquanto sibilava furiosamente a cauda do monstro.

— Não há tempo a perder!

E tocou Pégasos, projetando-se ambos espaço abaixo, espada em riste, visando a cabeça do monstro. E mais rápido que a descida velocíssima foi o golpe, que acertou a cabeça da fera. Mas não a matou. Hipónoos e Pégasos sentiram o bafo comburente e quase mortal das chamas que lhe saía da boca. E, por pouco, a cauda em forma de serpente os abocanhara.

Pégasos desaparecera da vista da Quimera, pois ele e seu ginete se recuperavam numa nuvem de chuva próxima.

Até que, numa nova investida, foram colocar-se na retaguarda, Pégasos tomou rumo e virou relâmpago outra vez. Passando velozmente pela cauda do monstro, crivou-a de grande quantidade de flechas, fazendo-a morrer. A cauda de Quimera, como que independente, arrastou-se pelo chão, deixando fluir seu sangue negro.

Pégasos e Hipónoos foram-se esconder de novo nas nuvens, procurando um ângulo seguro para o ataque final.

Do alto, Hipónoos via que o monstro começava a sucumbir — pelo menos se retorcia e rosnava furiosamente. E, num momento de distração, viu que a Quimera havia sumido. Havia-se ocultado em seu antro.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 21/3/2021, 18:42

— Se tiver de procurá-la de caverna em caverna, estarei bem arranjado.

Pégasos desceu e pousou em terreno acidentado. Grandes pedras espalhadas por todo o lado dificultavam os seus passos.

— Fica aqui, Pégasos, vou verificar.

Desmontado, Belerofonte entrou numa das grutas. De dentro escapava-se um calor suspeito, que fazia crer que a fera houvesse buscado ali um refúgio. Enquanto ele avançava cada vez mais para dentro da caverna, escutou um relincho agudo de seu cavalo.

— Silêncio, Pégasos, não me tira a concentração!

Disse, fazendo um gesto com a mão, sem voltar os olhos para o seu amigo, que na verdade o estava alertando, pois de outra entrada lateral o monstro seguia os seus passos. Então, erguendo voo, aos relinchos, o cavalo alado surgiu pelas costas da besta e acertou-a com um golpe dos cascos, lançando-a ao chão e despertando a atenção de Belerofonte, que deu um salto para trás e voltou a montar.

Sobrevoando a poderosa cabeça da Quimera, só conseguiu matar o monstro quando usou a sua bainha feita de chumbo, empurrando-a pela goela escancarada. As chamas do monstro, lançadas em todas as direções, derreteram o chumbo, que começou a escorrer garganta abaixo, acabando por perfurar-lhe o estômago. E, num ímpeto, Belerofonte enterrou a espada no coração do monstro. E assim morreu a Quimera.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 21/3/2021, 18:43

Um grande clarão iluminou a vastidão dos campos. Era o corpo da Quimera que se consumia, devorado pelo seu fogo interior. E aos poucos uma doce paz encheu os campos e se comunicou com o coração dos homens. A Quimera havia morrido e, embora a notícia ainda não houvesse chegado, já os homens, e principalmente as crianças, sentiam no seu íntimo a alegria da libertação. Era, talvez, o próprio coração de Hipónoos, no generoso transbordar do seu justo júbilo, que transmitia aos outros a confiança num futuro melhor. E ele teve a confirmação de tudo quando, já de novo em pleno céu, a caminho do palácio do rei Ióbates, para dar a boa nova, se lembrou de repente dos dois amiguinhos que fizera junto à fonte de Pírene.

— Eles merecem por primeiro a notícia. Vamos Pégasos!

E com um movimento de rédea, deu uma guinada no espaço e para Corinto se dirigiu. Do alto, avistou os dois amiguinhos. Não estavam sós. Com eles estavam os dois camponeses, que antes duvidavam da existência de Pégasos.

Os quatro mostraram maior alegria, em gestos festivos, enquanto o garoto lhe perguntava:

— Venceste a Quimera, não foi?

Hipónoos desmontou, surpreso.

— Quem te contou?

— Não sei. Mas de repente o meu coração se encheu de alegria.

E os outros confirmaram a mesma coisa. Abraçaram-se, num grande júbilo, acariciando com ternura o belo animal de asas prateadas, de jeito altivo e olhar sobranceiro.

Hipónoos retornou para a Lícia, deixou Pégasos à porta do palácio e subiu a dar a boa notícia a Ióbates, que parecia esperá-lo com a rainha, os príncipes e os grandes da corte. Foi recebido com beijos, abraços e aplausos. E disse-lhe o rei:

— Nós estávamos contentes sem saber a razão. Agora sabemos.

Quando se libertou dos abraços, Belerofonte desceu as escadas e foi despedir-se de Pégasos, acariciando-lhe o pelo branco e agradecendo a ajuda que lhe dera.

— Agora estás livre, meu valente. Podes voltar. Obrigado por tudo... Adeus.
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